O EMBRIÃO DE UM DOS MAIORES IMPÉRIOS DO MUNDO:
O IMPÉRIO ESPANHOL NA AMÉRICA
A colonização efetiva do continente americano pelos
espanhóis começou em 1493, quando Cristóvão Colombo (Um ano depois de ter
aportado na ilha de Hispaniola, atual Santo Domingo, capital da República
Dominicana) fundou a colônia de Natividade. A partir daí, iniciou-se de modo
irreversível o embrião daquele que se transformaria num dos maiores impérios do
mundo: O Império Espanhol na América.
Após alguns contatos amistosos no início da colonização, a
relação entre espanhóis e gentios da terra sofreu uma transformação que,
caracterizou por assim dizer, o tipo e a mentalidade colonizadora desenvolvida
pela Espanha. A busca por riquezas e a conversão dos índios ao cristianismo
foram, entre outros fatores, as bases motivadoras do projeto colonial em
território americano.
O segundo objetivo era constantemente utilizado para
mascarar o primeiro e em busca deste, inúmeras atrocidades foram cometidas
contra os povos dominados. A cruel matança de indígenas, bem como a ganância e
a sede espanhola por metais preciosos, foi muito bem retratada por Frei
Bartolomé de Las Casas (testemunha ocular de tais acontecimentos), que jamais
ficou calado diante do tratamento desumano dispensado pelos colonizadores aos
povos nativos:
“A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de
almas foi unicamente não terem outra finalidade última senão o ouro, para
enriquecer em pouco tempo, subindo de um salto a posições que absolutamente não
convinham a suas pessoas. Enfim não foi senão a sua avareza que causou a perda
desses povos e quando os índios acreditaram encontrar algum acolhimento
favorável entre esses bárbaros, viram-se tratados pior que os animais e como se
fossem menos ainda que o excremento das ruas; e assim morreram sem fé e sem
sacramentos, tantos milhões de pessoas”. (Las Casas, 2001, p. 32).
Uma opinião diferente daquela manifestada por Las Casas, nos
é fornecida por Vicente Tapajós em seu livro História da América. Este autor,
ao abordar as fases iniciais da conquista e da colonização praticamente não
toca no morticínio praticado pelos espanhóis contra os povos nativos, e quando
o faz, utiliza-se de uma linguagem depreciativa para com os indígenas. Em
alguns pontos a sua visão eurocêntrica da conquista fica evidente, vamos a
eles:
“A fim de proteger-se e evitar a reação dos “Incas”, Pizarro
aclamou sucessor do “Imperador”, o terceiro filho de Huaina Capac, chamado
Toparca, e com a proteção dele entrou em Cuzco, capital do Império. A atitude dos
espanhóis acabou por provocar a revolta dos selvagens, abafada pelos conquistadores”.
(Tapajós, 1968, p. 83).
Política econômica
O objetivo da colonização foi primordialmente explorar da
forma mais lucrativa possível seus domínios coloniais. Não havia nenhuma
intenção de povoamento: trabalhadores livres, em grande número, buscariam seu
próprio enriquecimento e dificultariam a fiscalização e taxação de impostos. Estabeleceram-se novos princípios econômicos para as
relações entre metrópole e colônia.
As principais leis mercantilistas foram:
Metalismo: acreditava-se que a riqueza de uma nação era
medida pela quantia de metais preciosos que possuísse. As colônias espanholas
ricas em minérios, tornaram essa nação a mais poderosa da época.
Pacto Colonial: definia as relações entre metrópole/colônia.
A colônia vendia seus produtos exclusivamente para a metrópole e dela comprava
tudo de que necessitasse. Essa exclusividade comercial influiu negativamente no
desenvolvimento da colônia. Sua margem de lucro era determinada pela metrópole,
que reservava para si a revenda dos produtos coloniais a preços bem mais
elevados no mercado europeu. Na importação colonial, a metrópole agia como
intermediária, comprando os produtos de outros países para vendê-los com lucros
de comerciante na colônia.
Esse comércio desvantajoso, aliado à proibição de instalar
manufaturas próprias e produzir artigos semelhantes aos da metrópole, gerou uma
situação de total dependência econômica, que posteriormente prejudicou a
independência política e financeira dos países dominados.
Balança comercial favorável: países como Inglaterra e
França, que não puderam contar com o afluxo de metais preciosos, desenvolveram
uma política de contenção de importações, enquanto estimulavam as exportações.
Dessa forma, o dinheiro arrecadado no comércio externo era bastante superior àquele
gasto na compra de produtos estrangeiros, deixando um saldo financeiro
favorável ao país. Para isso, os governos tomaram medidas protecionistas:
estimulava-se a produção agrícola e manufatureira do país; impunham-se altas
taxas alfandegárias aos produtos importados, forçando a redução de consumo dos
mesmos; não se permitia a importação de produtos que concorressem com os de
fabricação nacional; proibia-se a exportação de matérias-primas que pudessem
desenvolver mercadorias semelhantes às fabricadas pelo país.
Monopólios: a comercialização era permitida a grupos de
mercadores escolhidos pelo rei. Esses grupos tinham seus locais de compra e
venda predeterminados, não podendo operar fora de suas regiões. Os monopólios
permitiam ao soberano um eficaz controle das transações efetuadas nos diversos
países.
No início do século XVII, a prática provou que o equilíbrio
da balança comercial e os monopólios contribuíram decisivamente para a
supremacia anglo-francesa no conjunto das nações europeias. O ouro em quantidade,
sem aplicação sólida, não garantia o progresso de um Estado. A Espanha, que não
aplicou seus lucros na melhoria das técnicas agrícolas e tampouco na instalação
de manufaturas, perdeu sua posição para os países que desenvolveram a produção
interna e fortaleceram o comércio nos dois níveis: externo e interno.